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Artigo da secretária-geral adjunta da OAB/RS publicado no Correio do Povo: Raiva e eleições

01/10/2020 10:52

https://bit.ly/2GgPgML

Raiva e eleições

Fabiana Barth – Sec. Geral Adjunta e Coordenadora da campanha Vote Consciente da OAB/RS

Em nossas últimas eleições gerais, as análises prévias de cientistas políticos foram, em sua grande maioria, incapazes de indicar o resultado das urnas. Isso porque candidatos com alto índice de rejeição, tradicionalmente, tinham um teto de crescimento de seu eleitorado e, portanto, poucas chances de vencerem eleições majoritárias.

As redes sociais, em tempos de pandemia, são a principal forma de engajamento das campanhas eleitorais e, até pouco tempo, ainda eram um objeto de análise pouco explorado, em que pese sejam apontadas com fator determinante para esse cenário eleitoral disruptivo.

Nessa conjuntura, crescem em importância as campanhas que alertam sobre os perigos da desinformação em massa e para a checagem dos fatos antes de sua propagação. Serão tais medidas suficientes para garantir a liberdade consciente de opções?

Há quem afirme que o sistema político representativo, embasado na escolha pelo voto popular, atravessa o maior desafio de todos os tempos: as democracias sobreviverão à vigilância de um mercado (gigantes das redes negociam suas ações em bolsas de valores) pouco regulado, capaz de, com dados coletados a partir de informações variadas de seus usuários, predizer seus comportamentos e opções, inclusive eleitorais?

Tendo presente que uma das principais formas de engajamento nas redes sociais é despertar raiva, indignação, seremos capazes de resgatar a coesão de nosso tecido social para estabelecer uma racional e virtuosa convivência democrática, compreendendo que quem pensa diferente não é um inimigo a ser aniquilado?

No Brasil, dar respostas a essas questões é ainda mais difícil, especialmente considerando que a principal fonte de informação da população são as mensagens em grupos com a dita garantia de segurança de “criptografia de ponta a ponta”.

As soluções ainda estão ausentes, já existindo quem fale no fim das democracias ou, ainda, em democracias iliberais. Não obstante as incertezas, fato é que estamos às vésperas de novo processo eleitoral e, na falta de melhores indicadores de conduta, convém lembrar uma lição antiga que ainda é relevante, qual seja: a raiva é a pior inimiga das boas escolhas.

Na hora de votar, observe o perfil de quem receberá seu voto e não esqueça que o “homo sapiens” sobreviveu a outras espécies por sua capacidade de pensar e de se comunicar com qualidade. Utilize essas habilidades na hora de votar e desafie os algoritmos. Guarde a raiva para o espaço das paixões pessoais, e não para a esfera pública. O desafio é imenso e é nosso.

01/10/2020 10:52



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