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Artigo do vice-presidente nacional da OAB: sociedade encarcerada

02/01/2016 10:44

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Foto: Liziane Lima - OAB/RS

Foi publicado, na edição deste sábado (02), do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, artigo do vice-presidente nacional da entidade, Claudio Lamachia, sobre a segurança pública.

Sociedade encarcerada
Por Claudio Lamachia - vice-presidente nacional da OAB

A sociedade gaúcha está perdendo a batalha contra a violência. Não é preciso sequer ler os jornais para que cada um de nós sinta ainda mais próximos os efeitos do avanço da criminalidade. Basta andar na rua e conversar com pessoas ao redor.

Não se trata de alarmismo ou de efeito de qualquer sensacionalismo midiático: ninguém no Rio Grande do Sul é capaz de afirmar que sente-se seguro. Mesmo em cidades historicamente pacatas, a onda de violência chegou e instalou-se, causando medo, prejuízo e morte.

Perdemos a conta, por exemplo, de quantas agências bancárias de pequenas cidades foram destruídas por explosivos, para que os bandidos levassem o dinheiro para financiar o crime.

Há anos Porto Alegre figura entre as capitais com maior índice de roubo e furto de automóveis. Nossos números não são melhores quando falamos de homicídios. Vivemos a absurda realidade de estar cada vez mais encarcerados em nossas casas e ao mesmo tempo mais vulneráveis.

A Brigada Militar — nossa guardiã — faz seu trabalho com falta de pessoal e equipamentos absolutamente defasados. São armas que falham, coletes à prova de bala que não cumprem sua função, rádios que não garantem a comunicação, viaturas em péssimas condições e salários que não fazem jus ao tamanho da responsabilidade que corajosamente assumem ao nos defender.

É claro que a crise econômica agrava o quadro geral, mas ela precisa ser vista primeiramente como sintoma, não como causa. A pequena economia, que gera considerável contingente de empregos, sofre cotidianamente com os prejuízos causados pelo número reduzido de rondas policiais.

São os pequenos roubos que levam o faturamento do dia do pequeno empresário. É a sensação de insegurança dos clientes, que já se afastam das ruas temendo serem as próximas vítimas, que igualmente afeta nossa economia.

O povo gaúcho merece um tratamento mais adequado daqueles que se dispõem a assumir um cargo público. A crise econômica não pode ser utilizada como desculpa para todas as mazelas, especialmente quando há no passado recente exemplos que desmistificam o quadro atual.

Se buscarmos na memória o que aconteceu durante a Copa do Mundo, podemos supor que há um legado possível de se tornar realidade. Vimos que um pouco de empenho das autoridades e policiamento ostensivo com auxílio da tecnologia podem tornar nossas cidades mais seguras.

02/01/2016 10:44



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