A Comissão Especial de Igualdade Racial da OAB/RS (CEIR) festejou um ano de sua criação na sexta-feira (13). O evento contou com um balanço das atividades realizadas, o lançamento do e-book (Re)conhecendo Histórias Negras, homenagens aos advogados e às advogadas com mais de 25 anos de atuação, além de uma apresentação musical.

A presidente da CEIR, Karla Meura, falou sobre a alegria de festejar esse dia com o auditório lotado: “Esse evento é uma mostra da credibilidade que estamos recebendo de diversos núcleos, tanto da advocacia, quanto da sociedade civil, das instituições públicas e privadas. É essa coletividade que legitima o trabalho da comissão. Trabalhamos para buscar, cada vez mais, visibilidade, pois é através dela que nos reconhecemos no trabalho do outro e abrimos mais espaços de fala. Enfim, neste um ano houve inúmeras atividades, grupos de trabalho, inserções, pesquisas e lançamentos de livros”, destacou Karla.

Entre as metas para 2020, a presidente da CEIR ressaltou o desafio para fazer um levantamento sobre a advocacia negra gaúcha, além de tornar a comissão permanente.

A coordenadora estadual das Delegacias de Polícia Especializadas no Atendimento à Mulher, delegada Tatiana Bastos, falou sobre o trabalho voltado para as mulheres negras: “Sabemos que a população negra figura nas estatísticas de violência. Nos primeiros 10 anos da Lei Maria da Penha os feminicídios diminuíram 10%, porém, no mesmo período, em relação à mulher negra, eles aumentaram 54%. Trabalhamos para construir políticas afirmativas, de inclusão, necessárias para enfrentar a violência. Temos agora um protocolo de investigação para a morte violenta de mulheres, dentro deste protocolo, trabalhamos toda a interseccionalidade do gênero, elencando três recortes: mulher negra, mulher com deficiência e mulher trans e lésbica, dessa forma teremos números mais completos para buscar formas de prevenção”, afirmou Tatiana.

O conselheiro estadual da OAB/RS Dorival Sebastião Ipe da Silva falou sobre a simbologia da CEIR: “Os negros têm que ocupar espaços, pois estar presente inibe o racismo. A criação da CEIR é uma conquista, sem dúvidas, e mostra que somos capazes e temos o mesmo direito de ocupar estes locais”, enfatizou Ipe.

CEIR nas subseções

Durante este um ano da CEIR, foram instaladas mais cinco comissões em subseções do interior. Atualmente, seis subseções contam com uma Comissão Especial de Igualdade Racial: Bagé (já existia), Santa Cruz do Sul, Capão da Canoa, Pelotas, Cachoeirinha e Rio Grande.

Os presidentes das comissões foram convidados a relatar as experiências neste um ano de funcionamento. A presidente da CEIR de Rio Grande, Mauren Amaral, destacou o trabalho coletivo realizado pela comissão: “Nosso trabalho encontrou amparo em toda a comunidade local, o próprio movimento negro nos acolheu e trabalha em conjunto conosco. Realizamos o Seminário Consciência Negra, que lotou em três dias de evento. Desenvolvemos também um trabalho nas escolas, buscando sempre o empoderamento das crianças e pré-adolescentes negros”, ressaltou Mauren. 

E-book (Re)conhecendo Histórias Negras

Durante o evento ocorreu também o lançamento do primeiro e-book, elaborado através de pesquisas e da organização da comissão. (Re)conhecendo Histórias Negras traz 52 figuras influentes em cinco áreas de atuação: direito, ciências, literatura, processo abolicionista e política. O e-book contém a história de vida destas pessoas, retratadas na obra por artistas visuais negros do Rio Grande do Sul.

O organizador do e-book e membro da CEIR, Veyzon Campos Muniz, falou sobre a importância do trabalho: “Vivemos tempos difíceis em que verdades científicas são questionadas e elas acabam reverberando na vida prática com violência e muita supressão de direitos. Percebemos que, inclusive, a nossa história começa a ser questionada. Neste sentido, o projeto do e-book veio trazer visibilidade para personalidades negras que impactaram positivamente a história. Peço que valorizem o trabalho dos nossos artistas negros, a nossa história. Que a gente consiga transmitir para o maior número de pessoas e que elas tenham a oportunidade de conhecer essas figuras no primeiro momento e reconhecer o valor delas”, ressaltou Muniz.

Você pode ter acesso ao e-book pelo Portal do Aluno.

Homenagem Osvaldo Ferreira dos Reis

Advogados e advogadas negros com mais de 25 anos de atuação receberam a homenagem Osvaldo Ferreira dos Reis em reconhecimento pela sua trajetória baseada em princípios éticos e na luta pela justiça.

Homenageados:
Antônio Carlos Carvalho dos Santos
Denilson José da Silva Prestes
Jorge Alberto Barbosa Vargas
Lucia Helena dos Santos
Marcelo Ferreira Costa
Mario Dutra Santos
Patrícia da Silveira Oliveira

Texto e fotos: Evelyn Berndt
Assessoria de Comunicação OAB/RS
(51) 3287.1867/1821