Setembro Amarelo: O estresse pós-traumático e a violência contra a mulher
25/09/2020 19:45
No post desta semana da campanha “Setembro Amarelo: Não coloque sua saúde mental em quarentena” vamos falar sobre estresse pós-traumático. O objetivo dessa campanha é tratar sobre transtornos mentais em busca de educar e eliminar o estigma social.
Segundo o DSM-5, o transtorno de estresse pós-traumático acontece quando uma pessoa vivencia um episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual de quem: testemunha presencialmente o evento traumático, tem conhecimento de um evento traumático sofrido por algum familiar ou pessoa próxima e/ou é exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático.
Os principais sintomas são: lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do evento traumático; sonhos angustiantes recorrentes nos quais o conteúdo e/ou o sentimento do sonho estão relacionados ao evento traumático; reações dissociativas, como flashbacks, nas quais a pessoa sente ou age como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente; estado emocional negativo persistente; sentimentos de distanciamento e alienação em relação aos outros; entre outros.
Estresse pós-traumático e violência contra a mulher
A taxa de transtorno pós-traumático em mulheres vítimas de violência, segundo uma pesquisa desenvolvida pela Universidade do Norte de ILlinois (EUAs), variam entre 45% e 60%. No Brasil, em cada cinco mulheres vítimas de violência doméstica, três apresentavam algum sintoma do transtorno.
Trazendo o recorte de violência doméstica contra mulheres, visto que o isolamento social devido à pandemia do COVID-19 trouxe a tona este problema que já faz parte da realidade de muitas mulheres, trazem dados alarmantes sobre esses casos.
Os números divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, mostram, através do Monitoramento dos Indicadores de Violência Contra as Mulheres, o registro, em março e abril deste ano, denúncias de 4.789 ameaças, 3.058 lesões corporais, 212 estupros, 21 feminicídios consumados e 42 feminicídios tentados. A Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), que administra o Ligue 180, alertam que, com o isolamento social, aumentou cerca de 9% o número de ligações de denúncias de violência doméstica.
Segundo a presidente da Comissão da Mulher Advogada (CMA), da OAB/RS, Claudia Sobreiro, outro objetivo da campanha é fortalecer a denúncia. "Sabemos que todos que são expostos à violência doméstica, muitas vezes, não conseguem denunciar os casos de violência. Tudo isso reflete em sequelas psicológicas profundas e, muitas vezes, em feminicídio também. A violência contra as mulheres já é considerada uma pandemia global, desde 2018, pela OMS. Ou seja, muitas mulheres estão passando por duas pandemias", disse.
Programa Redução da Violência Contra a Mulher
A OAB/RS integra ainda o Programa Redução da Violência Contra a Mulher, inserido no RS Seguro, do Estado do Rio Grande do Sul, junto com o Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia Civil, Brigada Militar e outras instituições e entidades. A Ordem gaúcha é representada pela CMA, na figura da presidente Claudia Sobreiro.
No programa, cada entidade e instituição utiliza sua experiência, área de atuação e atendimento no campo da violência doméstica, criando projeto que estão sendo estudados em conjunto. As implementações se darão na forma da possibilidade e atuação de todos os atores envolvidos.
Como pedir ajuda?
Há diversas formas de violência doméstica que vão além das marcas deixadas no corpo. Segundo a Lei Maria da Penha, há cinco tipos de violência praticado contra às mulheres. São elas: Violência física, quando há qualquer conduta que coloque em risco a integridade ou saúde corporal da mulher; Violência psicológica, quando há dano emocional e diminuição de autoestima, ou ainda controle de ações, comportamentos, crenças e decisões; Violência sexual, quando é forçada uma conduta sexual não desejada através de ameaça, coação ou uso da força; Violência Patrimonial, quando há retenção, subtração, destruição parcial ou total de objetos, bens, valores, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, etc.; e Violência Moral, quando há calúnia, difamação ou injúria.
Ligue 180 - O serviço oferecido pelo 180 é gratuito e confidencial para fazer denúncias. Além disso é possível fazer reclamações sobre serviços da rede de atendimento à mulher, receber orientações sobre direitos e legislações vigentes. Disponível para todos os lugares do Brasil, e também em alguns países do exterior, o 180 funciona 24h por dia, todos os dias da semana, inclusive fins de semana e feriados.
Polícia Civil - É possível fazer denúncia online pelo site www.delegaciaonline.rs.gov.br e também via WhatsApp pelo número (51) 98444-0606.
Atenção
É importante alertar que, apesar dos sintomas, somente quem pode dar o diagnóstico para qualquer doença mental é um psiquiatra ou um psicólogo, que atende o paciente e sabe indicar o procedimento correto.
Além disso, esteja atento aos sinais de esgotamento mental e de sintomas de depressão. Se você notar a persistência de pensamentos tristes e depressivos, é importante conversar com alguém sobre e/ou procurar um médico. A CAA/RS da OAB/RS oferece consultas com psicólogos e psiquiatras, ofertando preços acessíveis à advocacia gaúcha.
E lembre-se de que o suicídio pode ser evitado em 90% dos casos. Por isso, busque ajuda e esteja alerta!
25/09/2020 19:45