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Zero Hora: Protesto sem as bandeiras habituais

07/09/2011 09:55

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Jornal de Porto Alegre publicou reportagem, nesta quarta-feira (07), em que trata de mobilização contra a corrupção, que conta com a participação da OAB/RS.

Sem a UNE, sem a CUT, sem a Força Sindical e sem o Cpers – que se ausentam neste feriado de 7 de setembro –, usuários da internet se mobilizam para protestar contra a corrupção.

Há uma expectativa rodeando este 7 de Setembro, o dia em que a Independência do Brasil completará 189 anos com 130 mil pessoas protestando nas ruas – mas só se elas cumprirem o que prometeram.

Sem vínculo aparente com partidos ou sindicatos, uma insurreição nas redes sociais resultou em dezenas de protestos marcados para hoje: a bandeira é só uma, um basta à corrupção. Não há certeza sobre as proporções que o movimento ganhará fora da internet, mas há consenso sobre a nova realidade política dos brasileiros.

– É uma população que, embora esteja sedenta por se manifestar, não sabe direito como fazer. Os tradicionais "puxadores de rua", que eram a UNE, as centrais sindicais, os partidos de esquerda, todos estão atrelados ao governo – diz a cientista política Lucia Hippolito.

Em meio à acomodação de corporações com poder de articular o povo, redes sociais como o Facebook surgem como alternativa de organização. Cidadãos comuns criaram páginas condenando a maracutaia (afinal, enquanto ministros caem por suspeita de corrupção, partidos se enfurecem contra investigações) e marcaram para hoje protestos em pelo menos 17 Estados. Dezenas de milhares de pessoas confirmaram presença.

– É uma incógnita, não há como precisar a real adesão. No ano passado, um movimento semelhante defendendo a Lei da Ficha Limpa funcionou em parte: 150 mil e-mails foram enviados aos parlamentares, deu certo. Mas o compromisso de protestar na rua, em Brasília, fracassou – recorda a pesquisadora de redes sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro Flávia Frossard, ponderando que a internet foi o berço de manifestações no Egito, na Inglaterra e no Chile neste ano.

Em Porto Alegre, uma passeata às 10h, partindo da Avenida Loureiro da Silva rumo à Redenção, deverá ser o principal evento. Antiga aliada dos movimentos contra a rapinagem no poder público, a CUT, tradicional parceira do PT, não vai participar.

– Não vamos nos somar um movimento cuja origem é desconhecida. Não há um caráter de transparência. Somos contra a corrupção, mas participamos de movimentos da sociedade organizada, não de manifestações obscuras – diz o presidente estadual da CUT, Celso Woyciechowski.

É o que se repete em outras entidades: a Força Sindical optou por campanhas salariais e a defesa dos aposentados, o Cpers estará longe.

– Estamos em caravana pelo Interior e nem discutimos o assunto (participação nos protestos) – disse a presidente da entidade, Rejane de Oliveira.

A UNE, segundo o presidente Daniel Illiescu, apenas apoia os estudantes a participarem de "toda e qualquer manifestação" – mas sem convocá-los oficialmente.

Não quer dizer que os protestos estarão livres de bandeiras partidárias. Certamente aparecerão algumas do PSOL, diz o presidente estadual do partido, Roberto Robaina. O PSOL é um dos poucos partidos de esquerda na oposição ao governo Dilma Rousseff.

– O movimento tem caráter de autoconvocação. Não há uma organização do PSOL, mas vamos participar – diz Robaina.

Na esteira da força popular, a OAB gaúcha prepara para hoje um ato paralelo, a partir das 14h, na sede da entidade. Será lançado o site www.agorachega.org.br, onde um cadastro permitirá às pessoas enviarem e-mails aos parlamentares defendendo, no mínimo, dois projetos: o que transforma corrupção em crime hediondo e o fim do voto secreto no Congresso.

– Queremos entupir as caixas deles – diz o presidente da OAB-RS, Claudio Lamachia.

Sindicatos, associações, conselhos de classe e até maçonaria confirmaram presença no evento da OAB.

Escândalos alimentam reação

Uma sequência de denúncias de corrupção em ministérios e a decisão dos deputados federais de absolver a colega Jaqueline Roriz (PMN-DF), flagrada recebendo dinheiro do mensalão do DEM, geraram uma agitação inédita nos mouses, teclados e smartphones do país. Em menos de 30 dias, internautas em diferentes rincões depositaram em sites, blogs e nas redes sociais indignação com a corrupção, a impunidade e os privilégios.

De forma desordenada, dezenas de páginas foram criadas, compartilhadas e recomendadas, causando um efeito multiplicador difícil de ser mensurado com precisão. Um levantamento do grupo NasRuas, criado pela administradora Carla Zambelli, 31 anos, em São Paulo, apontou mais de 100 mil usuários de internet com presença confirmada em mais de 40 eventos em 22 Estados.

A iniciativa de Carla, por exemplo, gerou outros 30 grupos pelo país que vestirão preto e marcaram locais de encontro para protestar.

– Estamos de luto – diz ela.

Já os adeptos do movimento Caras Pintadas contra a Corrupção, que geraram combinações de passeatas em 21 cidades, devem investir nas cores da bandeira. Em Porto Alegre, eles pretendem aproveitar o desfile cívico de 7 de Setembro na Avenida Loureiro da Silva e caminhar até o Brique da Redenção. Há adesões de outros grupos virtuais e de entidades formalmente constituídas como a OAB, que enviará cavaleiros de seu piquete no acampamento farroupilha. Ontem à noite, o evento no Facebook local do grupo Caras Pintadas tinha mais de sete mil confirmações.

Na capital gaúcha, frequentadores do grupo Anonymous pretendem se encontrar diretamente na Redenção usando máscaras.

– Um se oferece para fazer folhetos, outro para imprimi-los. Outros fazem faixas. Somos todos voluntários – diz um frequentador das páginas do Anonymous, que trabalha no setor de TI de uma rede de hotéis.

Motivados pelo clima de indignação, alunos do Colégio Anchieta, em Porto Alegre, vestiram preto ontem e fizeram um protesto durante o recreio. Já as estudantes de Direito Eliza Medeiros e Raquel Villanova Urtassum se encontraram para elaborar cartazes.

– Tá na hora de a sociedade se movimentar. O povo precisa ver que os políticos são nossos representantes – diz Eliza.

A reação também se espalhou pelo Interior. Em Carazinho, no norte do Estado, os 300 participantes da mobilização Basta Corrupção prometem marchar usando roupa preta. Em Gramado, haverá shows, marcha e debate sobre a corrupção. Ainda na Serra, em Caxias do Sul, dois grupos se uniram para fazer uma passeata pelo centro. Todos devem aparecer vestindo preto e com rostos pintados.

07/09/2011 09:55



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