Artigo divulgado no Jornal NH nesta quarta-feira (04) pelo coordenador-geral da Comissão de Direitos Humanos (CDH), conselheiro seccional Ricardo Breier.

Na última semana, a Polícia Federal deflagrou a Operação Tapete Persa, para combate à exploração, abuso sexual e pedofilia na Internet, que resultou em prisões e mandados de busca e apreensão em nove Estados e no Distrito Federal.

Tal operação não só coloca o Brasil no circuito das autoridades mundiais no combate a essa prática como se soma às últimas prisões de redes organizadas de pedofilia efetivadas na Europa e nos Estados Unidos, as quais revelam a dimensão do comércio, pela Internet, de fotografias e filmagens de pornografia infantil.

Exatamente há um ano, na Áustria, ocorreu uma Conferência Internacional que reuniu as maiores autoridades policiais responsáveis pelas prisões no mundo de redes de pedofília, entre elas a Europol, a Interpol, o FBI e a Guarda Espanhola. O resultado dos debates sobre as prisões e apreensões de material pornográfico infantil só veio a confirmar a impressionante marca econômica desse novo tipo de organização criminosa, apontando, por exemplo, através de estudos da World Society of Victimology, que o lucro com a venda e comércio de CDs, DVDs, via Internet, de material pornográfico infantil, em 2005, alcançou a espantosa cifra de 20 bilhões de dólares.

A idade das vítimas também impressiona. Se nos anos 90, as crianças abusadas tinham idade entre 10 e 12 anos, atualmente a faixa etária está entre 1 a 6 anos. O comércio desse material pornográfico representa a manutenção financeira da rede pornográfica criminosa e vem a ser, atualmente, uma nova criminalidade, conhecida no exterior e de pouca divulgação no Brasil.

A Legislação do Brasil, a partir de 2008, passou a incriminar o consumidor que vivia impune. Talvez por isso, nosso país fosse considerado um dos que mais consome material pornográfico infantil no mundo. Infelizmente, esta é uma realidade que a sociedade tem que debater: o crime organizado da pedofilia, que só aumenta as estatísticas de violência que envolve crianças, destruindo qualquer projeção de vida saudável, como se fossem meros produtos descartáveis. Estimase que exista mais de 2 milhões de crianças em poder do crime organizado da pedofilia.

No Brasil, com as operações realizadas pelas Polícias Federal e Estadual, com o registro recente de ações de vulto no combate ao crime organizado de pedofilia, o que sem dúvida só vem a confirmar que estamos nessa rota, onde nossas crianças são vistas como mero produto de comércio do prazer sexual insano de muitos.

Ricardo Breier é advogado, especialista nos temas ligados à pedofilia