CAA/RS discute saúde mental na IX Conferência Estadual
13/08/2020 18:53
Nesta quarta-feira (12), no primeiro dia de encontros da IX Conferência Estadual da Advocacia, o Momento Saúde foi o espaço para a Caixa de Assistência dos Advogados da OAB/RS mostrar uma parte de seu trabalho no cuidado com o bem-estar da advocacia.
A abertura e a coordenação do painel ficaram por conta de Pedro Alfonsin, presidente da CAA/RS, e Claridê Chitolina, secretária-adjunta do órgão. Alfonsin ressaltou que, atualmente, a categoria enfrenta muitos desafios. “A importância da Caixa de Assistência se agudizou no período de pandemia, mas o nosso trabalho vai além deste momento”, pontuou ele, que destacou ainda que o aumento de profissionais na área do Direito exige que estes se preparem para enfrentar o mercado e a demanda, que as instituições se esforcem para dar suporte à classe: “Nós somos entusiastas da advocacia e acreditamos que cada vez mais existem oportunidades para os advogados, que são essenciais para a administração da Justiça e também para a cidadania nas relações em que o Direito é necessário. O advogado representa um ganho para a sociedade”, finalizou.
Em sua fala, a secretária-adjunta da CAA explicou que a importância de discutir saúde mental na Conferência da Advocacia foi acentuada por pesquisas cujos resultados indicam diversas demandas da advocacia neste ponto. “É um movimento nosso para semear a cultura de cuidar da saúde mental”, concluiu Claridê antes de passar a palavra aos painelistas.
Dados alarmantes
Os números de algumas pesquisas apareceram no início da explanação de Felipe Ornell, responsável técnico pelo programa Previne Saúde Mental, instituído em novembro de 2019 pela CAA/RS. Segundo ele, o principal estudo sobre os impactos nesse âmbito entre os advogados foi realizado nos Estados Unidos e apontou que, entre 12 mil entrevistados, quase 30% sofrem de depressão e cerca de 23%, de ansiedade. No Brasil, outro trabalho de investigação mostra que, entre 2012 e 2018, 30% das licenças médicas tiradas por advogados foram motivadas por problemas de saúde mental – um dado que fica ainda mais grave entre procuradores que, nos mesmos seis anos, tiveram 60% das licenças médicas atribuídas a mesma causa. Segundo ele, o enfrentamento a este problema passa pela naturalização do cuidado com a mente, que os advogados reflitam, observem se está tudo bem e também que se abram mais para receber ajuda. “É necessária uma cultura de discutir saúde mental e poder direcionar os advogados para tratamentos adequados, o que ajuda a reduzir estresse e melhorar o desempenho no trabalho. É isso que vai ajudar os advogados a serem mais felizes”, finalizou.
Previne Saúde Mental
O Previne Saúde Mental foi criado para auxiliar nesta tarefa. Um dos tantos benefícios do programa é o do atendimento psicológico online, que durante a pandemia está bastante difundido, mas que já era oferecido pela CAA/RS antes deste período de transformações pelo qual estamos passando. Além disso, foi com a criação deste instrumento de campanhas que a Caixa fomentou o debate sobre questões que envolvem saúde mental, mas não necessariamente estão ligadas a doenças, como por exemplo a fobia social, que pode atrapalhar um advogado diante de um júri, ou uso de substâncias de forma descontrolada e prejudicial, como o álcool.
As causas e as soluções
O segundo painel foi apresentado por Mariana Pedrini Uebel, que é pós-doutora em Psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Ela citou sintomas de problemas comuns entre os advogados, como o burnout, que é um quadro de exaustão, causador de queda na produtividade, fadiga e insônia. Para ela, o ritmo de trabalho propicia essa situação e para combatê-la, tem que começar a evitar alta cobrança sobre si mesmo e também o trabalho em tempo excessivo. “O advogado tenta estar sempre disponível para seu cliente porque é empático com sua causa e se propõe a resolver, a qualquer custo, o problema de quem o procura, buscando eficiência em sua atuação. Porém, é necessário verificar se isso não sobrecarrega o profissional, prejudicando sua saúde e, por fim, seu trabalho”, ponderou.
Ao orientar para os cuidados, ela destacou que é importante o relacionamento com amigos e família para ter com quem conversar sobre eventuais dificuldades; a importância do autoconhecimento, de saber o que causa o mal-estar; a eficácia de priorizar o que é relevante, saber respeitar os limites e organizar uma rotina de tarefas que não cause sobrecarga e ofereça tempo para relaxar.
No último painel, Diogo Lara, que é neurocientista e doutor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trouxe aspectos científicos para explicar as causas de sintomas de uma saúde mental debilitada, mas sem deixar de pontuar outros fatores que causam isso: “Além da rotina específica do trabalho dos advogados, há elementos do nosso tempo, do uso de tecnologias de comunicação instantânea, com discussões que desgastam relações, com o alto número de más notícias que recebemos o tempo todo e a situação de pandemia do novo Coronavírus agravam esta situação”, explicou.
Diogo mostrou que o cuidado com a saúde mental passa por lidar com sentimentos para evitar que isso cause afetações e também a se organizar com desejos, vontades e objetivos para que o êxito nas tarefas do dia a dia não precise custar o próprio bem-estar.
Inscreva-se na IX Conferência Estadual da Advocacia da OAB/RS : https://conferenciadaadvocaciars.com.br/
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