ESA/RS realiza um dia de evento para abordar temas eleitorais pertinentes aos últimos 15 dias de campanha
29/10/2020 19:33
Com grandes debates na manhã desta quarta-feira (28), o evento “Eleições 2020 – Questões eleitorais nos últimos 15 dias de campanha” tratou de temas como “Arrecadação, Gastos de Campanha e Prestação de Contas”, “Desinformação e liberdade de expressão” e “Segurança e Processo Eletrônico de Votação”. Os debates tiveram seguimento também no turno da tarde.
Painel - Regras Sanitárias na Campanha Eleitoral
A assessora técnica da assessoria dos desembargadores do TRE-RS, Marília Piantá, trouxe as presentes um pouco sobre a discussão que houve quanto aos termos da Emenda Constitucional 107 em relação a quem pode ou não estabelecer normas sobre propaganda eleitoral, além de falar sobre os termos da Resolução 349 do TRE-RS, que disciplinou a matéria.
Marília tratou ainda se pode a legislação municipal dispor sobre propaganda eleitoral: “Anos atrás, iniciava-se a propaganda eleitoral e a cidade se transformava com muros pintados, placas penduradas por todos os lugares. Antes da Lei 12.034, que alterou o artigo 41, o município poderia decidir sobre estes termos, agora os precedentes do tribunal já aplicam justamente essa decisão, postura municipal não pode contrariar propaganda eleitoral”.
Ficou responsável por presidir a mesa a moderadora do Grupo de Estudos de Direito e Gênero da ESA/RS, Luciana Teixeira.
Painel - O papel do jurídico na campanha eleitoral
No segundo painel da tarde, Clarissa Maia, mestre e doutora em Direito Constitucional e membro do IGADE, realçou a importância de manter as eleições de 2020, mesmo frente à pandemia. “Fizemos um estudo e verificamos todas as problemáticas que seriam a prorrogação de mandatos, ou mesmo as unificações das eleições. Por isso, eu tenho convicção que nós, operadores do direito, estamos garantindo o estado democrático de direito. Sabemos dos riscos, que são reais, que são verdadeiramente problemáticos, mas não poderíamos jamais enfraquecer a nossa democracia deixando que as eleições não ocorresse este ano, prorrogando mandatos”.
Clarissa ainda listou as qualidades, o perfil, quais as suas funções e as linhas de ações de um advogado eleitoralista: “O profissional deve ser técnico, tranquilo, pacificador e maduro, além de ressaltar a função colaborativa do advogado, que tem que atuar com responsabilidade e com cooperação junto com a Administração Pública, a Justiça Eleitoral, o Ministério Público Eleitoral e os Partidos”.
A presidente de mesa, a diretora de cursos permanentes da ESA/RS, Maria Cláudia Felten, salientou a honra de participar de um evento que trata das eleições 2020, com temas tão importantes e painelistas tão ilustres. “Neste dia podemos ver o quanto é rica a área do Direito Eleitoral, com suas peculiaridades, e neste painel podemos receber muitas dicas a respeito das características e o perfil do advogado eleitoralista”, salientou.
Painel - Questões de Propaganda Eleitoral
O presidente da Comissão Especial de Direito Eleitoral (CEDE), Paulo Roberto Moreira, realizou a abertura da palestra indagando o painelista a respeito da atual Legislação Eleitoral: “Podemos dizer que a Legislação Eleitoral é suficiente para combater as novas manobras de propaganda eleitoral?”
Rafael Morgental, mestre em direito pela UFRGS, especialista em Direito pelo IDC, membro do IGADE e da Academia de Direito Eleitoral e Político, evidenciou que o desajuste entre as normas existentes e a realidade atual transcorre com tranquilidade devido aos limites severos que a Legislação impõe às propagandas de rua. “Ao mesmo tempo, não temos mecanismos suficientemente desenvolvidos a respeito da propaganda pela Internet. Estamos em um raro momento da humanidade em que as novas tecnologias mudaram todas as formas de expressão, e entendo que essa novidade ainda não chegou ao Direito Eleitoral”.
O painelista ainda expôs que a Legislação hoje resolve uma eleição que não existe mais, que regulamenta, por exemplo, tamanho de bandeira, proibição de outdoors e de showmícios. “Esse caminho de rua, para a nuvem, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem cumprido um papel decisivo, e sem esse mecanismo talvez estivéssemos em uma situação pior. Mas a Internet e o uso das Redes Sociais alteraram os planos do legislador, trazendo novos elementos e novos fatos que devem ser debatidos e regulamentados”, frisou.
Painel - Cassações pela JE, o que esperar para 2021
Graziela Cardoso Vanin, diretora administrativo-financeira da ESA/RS, que conduziu a mesa durante o painel, indicou que essa seria uma palestra que iria tratar sobre uma das mais severas sanções da Justiça Eleitoral.
A palestrante Caroline Rocha, advogada com atuação em Direito Administrativo e Eleitoral e membro do IGADE, debateu sobre as Leis e os artigos que podem levar à cassação de um candidato político, citando ainda uma fala do Ministro do STF e do TSE Luís Roberto Barroso sobre a insatisfação em atos de cassação: “ninguém fica alegre em votar pela perda de um mandato de alguém que foi escolhido pelas urnas”.
Caroline ainda relatou que, a partir de 2010, com a Lei da Ficha Limpa, houve um aumento significativo das cassações pela Justiça Eleitoral, analisando os dados presentes no site do TSE: “E eu me refiro ao aumento, em casos de perda dos direitos políticos, com punição, por alguma irregularidade na campanha”.
Painel - Voto Consciente e Cidadania
O último painel do evento contou com a presença da diretora-geral da ESA/RS, Rosângela Herzer dos Santos, que reforçou a importância do tema da palestra de encerramento. “É uma temática de poder, que é poder pelo voto, que é a arma mais importante que nós temos, com um papel muito significativo e importante no que diz respeito a conscientizar todas as pessoas da importância de votar, porque serão os candidatos que estarão no poder influenciando todas as políticas e legislações que vão criar normas para toda a população”.
A coordenadora da Escola Judiciária Eleitoral do Rio Grande do Sul (EJERS), Débora do Carmo Vicente, parabenizou a Ordem gaúcha pela Campanha do Voto Consciente. “A OAB/RS assumiu essa responsabilidade de tratar sobre este tema, com a importância que tem, com a sua importância constitucional; se uniu nessa luta, que é o que as Escolas Judiciárias Eleitorais têm feito. Essa é uma das missões da EJERS, é a de tratar sobre a cidadania e do voto consciente”.
A palestrante afirmou que vivemos hoje em um momento histórico, não só pela pandemia, mas sim pelo acirramento na polarização política jamais visto. “Como sociedade, não sabemos mais conviver com o diferente, e isso é muito danoso para a nossa democracia. Um dos pontos fortes da democracia é a desnecessidade de que todos pensem da mesma forma”. Débora ainda citou que um dos princípios constitucionais é justamente o pluralismo político, social e partidário, e, como cidadãos, devemos o defender.
O evento foi promovido pela Escola Superior da Advocacia da OAB/RS (ESA/RS), em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Rio Grande do Sul (OAB/RS), o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS), a Escola Judiciária Eleitoral do Rio Grande do Sul (EJERS) e o Instituto Gaúcho de Direito Eleitoral (IGADE), e está disponível na íntegra para quem não conseguiu acompanhar ou deseja rever os conteúdos apresentados.
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