Injúria=Racismo e Menoridade Penal são discutidos no encerramento do Seminário Internacional pela Igualdade Racial
23/03/2017 18:49
Com exposição de roupas e artigos artesanais, e a explanação de assuntos pertinentes ao preconceito racial, o Seminário Internacional pela Igualdade Racial teve o seu encerramento, no final da tarde de quarta-feira (22), no auditório da OAB/RS.
Dando continuidade aos dois últimos assuntos da tarde, a discussão que pautou o terceiro painel foi o lançamento da Campanha Injúria=Racismo e da Cartilha do Observatório da Discriminação Racial no Futebol. Os painelistas foram o jornalista Manoel Soares e o idealizador e diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho, que falou sobre a relação entre o futebol e a discriminação racial. Segundo ele, no relatório do Observatório houve um aumento de casos de racismo no futebol e uma diminuição nas punições, em relação a 2014.
“Em 2015, tivemos um aumento de casos relacionados ao racismo: Tivemos 41 casos de discriminação e preconceito, desses, 35 são relacionados ao racismo, sendo que 24 aconteceram em estádios, 11 pela internet e 8 foram denunciados ao tribunal, mas apenas um caso teve punição. Ainda foi notificado dois casos no vôlei, um no basquete, um na ginástica e um caso de xenofobia. As ocorrências aumentaram, sim, mas houve também um aumento das denúncias por parte dos atletas”, destacou.
O jornalista, que também é presidente Estadual da Central Única das Favelas (CUFA RS), disse ainda que o futebol traduz o sentimento do brasileiro mais primitivo. “É ali no estádio com o filho de 11 anos, que ele acha que pode falar palavrão. Sendo que ele proíbe o próprio filho de falar palavrão na escola. Parece que o futebol dá a pessoa uma licença poética instintiva, que ele, o pai, pode fazer o que ele bem quiser. É naquela hora que o racismo vem para fora”, salientou.
Racismo Institucional e Menoridade Penal foram os assuntos discutidos, no último painel, pelo Doutor em Direito pela UFRGS e autor das obras: Direito Constitucional às cotas raciais: a contribuição de Joaquim Nabuco; e Fundamento Moral das Cotas Raciais, Lúcio Antonio Machado Almeida e pelo Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Paulo Rangel que afirmou que as políticas públicas no Brasil são ineficientes e obsoletas. “Em 2014, foram registrados quase 48 mil estupros, 500 mil veículos foram roubados no Brasil. A violência faz parte do cotidiano dos brasileiros, portanto, não são esses jovens de 14,15,16 anos que estão cometem crimes nas ruas, sim, mão não são eles que são a causa da violência. Na realidade, eles são vítimas de uma violência que sempre existiu no país e que se fingiu que eles não existiam. E a solução qual é? É prendê-los?”, enfatizou.
O encerramento do Seminário ficou a cargo do cantor nigeriano, radicado em Porto, Alegre e semifinalista do reality The Voice Brasil, Lumi. O músico interpretou músicas pop nacional e internacional e cantou o seu novo single “Não é fácil”.
A organização do evento ainda homenageou pessoas inspiradoras que fizeram e fazem diferença na história:
Rochele Oliveira Silva, Dorival Ipê, João Claudio Silva, Jorge Terra,Baba Diba de Yemanjá, Gil Collares, Márcio Chagas, Mariani Ferreira, Pietra Campos Prestes, Marcelo Xavier, Kilombo da Arte e Lumi.
Vanessa Schneider
Jornalista MTE17654
23/03/2017 18:49