Na tarde desta quarta-feira (08), lideranças femininas da OAB/RS participaram do Encontro “Projeto Valentina”, que busca estabelecer paridade entre homens e mulheres nas eleições da OAB. O projeto foi aprovado, em junho, pela Comissão Especial de Avaliação das Eleições no Sistema OAB, por unanimidade. A conselheira federal Valentina Jungmann, busca, através desse projeto, a alteração dos percentuais mínimo (30%) e máximo (70%) para candidaturas de cada gênero. As chapas, pela proposta, deverão atender agora ao percentual de 50% para candidaturas de cada gênero.

O presidente da Ordem gaúcha, Ricardo Breier, fez a abertura do evento e salientou que, aqui no Estado do Rio Grande do Sul, o trabalho das mulheres de Ordem sempre foi valorizado: “Trabalhamos incansavelmente para que as mulheres tenham representatividade, e este projeto será uma caminhada nacional. Não podemos levar o discursos da democratização se não trabalharmos isso dentro da Ordem” reiterou.

A Conselheira Federal e presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, Daniela Lima de Andrade Borges (OAB/BA), mencionou que a OAB/RS é um local de inclusão, trabalho esse realizado por mulheres e homens, que buscam sempre a equidade entre os gêneros, salientando, ainda, que a seccional gaúcha é a única que conta com 4 conselheiras federais: “As mulheres têm lutas diárias e precisam buscar seus direitos constantemente. Durante a pandemia, por exemplo, surgiu um estudo que mostra que os artigos científicos entregues pelos homens aumentou neste período, enquanto que os das mulheres diminuiu. O que podemos perceber é que, nesta sociedade machista, a mulher ainda é sobrecarregada, com filhos, trabalho, afazeres domésticos, o que aumentou ainda mais durante a pandemia de COVID”, destacou.

A criadora do projeto, Conselheira Federal, Valentina Jungmann (OAB/GO), relatou que, nessa caminhada, a proposta tem recebido mais apoio do que críticas, e que a bancada do RS é inspiradora, contando com mulheres super atuantes. A Conselheira salientou que a Conselheira Federal, Cléa Carpi (OAB/RS) é diferente, não porque ganhou a Medalha Rui Barbosa, mas porque é uma mulher sábia, generosa, apoiando e participando desse projeto, mesmo estando em uma posição de destaque, estamos trabalhando principalmente com aquelas jovens advogadas que não estão ainda nesse sistema. “Este é um projeto importante, que busca um sistema igualitário, hoje somos quase metade dos inscritos na OAB, e não ocupamos sequer 30% dos cargos de diretoria e de decisão do Sistema OAB. Sabemos que ele é um projeto, que não é perfeito, mas é um avanço, que busca abalar as estruturas da instituição”, finalizou.

A diretora-geral da ESA/RS, Rosângela Herzer dos Santos, ressaltou: Nós que temos alguma caminhada dentro do sistema OAB vemos o quão aguerridas todas nós somos, mas especialmente nossas duas convidadas, Valentina e Daniela, e toda essa força, essa busca pelos direitos como um todo, a tão necessária igualdade. Todas nós realizamos um trabalho dedicado, como o que vem sendo realizado pela Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativa dos Advogados (CDAP) por exemplo, e também pela Comissão da Mulher Advogada (CMA). Hoje, na Escola, a representatividade feminina é maioria na diretoria, em um grupo de nove diretores, temos cinco mulheres. E trago também o resultado de uma pesquisa que realizamos ano passado com os participantes dos nossos cursos, em que 65% das participações foram realizadas por mulheres. Que tenhamos cada vez mais vontade de colocar em prática nossos projetos.

A vice-presidente da Caixa de Assistência dos Advogados do Rio Grande do Sul (CAA/RS), Mariana Melara Reis, destacou: "Nós estamos acima da paridade, pelo menos na diretoria da CAA/RS, contando com três mulheres e dois homens. Faço referência à presente Cléa Carpi da Rocha, grande referência para todas nós, que foi presidente da seccional e única mulher a ganhar a Medalha Rui Barbosa, basta citarmos o nome de Cléa, que, hoje no Brasil, todos sabem quem é, e estamos aqui discutindo e tentando a paridade, para que possam surgir mais mulheres como esse fabuloso exemplo em nosso sistema OAB. Que tenhamos, então, a igualdade de oportunidades, que virá através da paridade. E não poderia ser diferente, sermos protagonistas nesse tema, como fomos em tantos outros. E que possamos servir de exemplo para todo o Sistema OAB, pois a luta não é apenas nossa, dos gaúchos, é para que todas as advogadas do Brasil também possam fazer parte. Na gestão anterior, tivemos uma presidente advogada na Caixa de Assistência, que foi a primeira mulher presidente depois de 68 anos de existência da CAA, o que nos leva a pensar o quanto ainda temos a melhorar nesse quesito. É importante também incentivar as mulheres a buscarem a liderança, e que possamos praticar sororidade".