OAB/RS coleta mais de duas mil assinaturas para a CPI da Segurança Pública na Redenção
06/11/2016 16:49
“Minha sogra foi assaltada há poucos meses, e eu, antes de entrar no carro, fico olhando todos que estão em minha volta para ver se não vou ser assaltado. Se eu vejo alguém ou um movimento estranho eu nem entro no carro, passo reto. Estamos criando estratégias próprias para nos defender dos bandidos. Estou ficando paranoico, pois vivo com medo”. Fábio Martellet de Oliviera, 39 anos.
"Meu marido e eu viajamos muito para o Rio de Janeiro e São Paulo. Quando caminhamos nas ruas dessas cidades vimos muitos carros de polícia na rua e aqui nunca vejo. Sinto-me muito mais segura lá do que aqui em Porto Alegre. Aqui tá um horror. Há um descaso total, e vivo com medo”. Maria Lúcia Barroso, 67 anos, professora.
"Há um mês, minha mãe saiu para caminhar na rua e seis indivíduos a assaltaram na Osvaldo Aranha. Onde está o meu dinheiro? O que aconteceu? Cadê o investimento na segurança pública que foi prometido?" Marcelo Jiangrey, 44 anos, segurança.
"Meu filho e minha nora foram assaltados na sinaleira. Os bandidos estavam com revólveres e levaram tudo deles. Ainda bem que eles saíram ílesos, mas poderia ter tido outro fim, assim como tantos que vimos na TV. Eu assinei essa CPI por que alguém tem que dar um jeito nisso. Essa cidade está entregue às traças”. Odilca Terezinha Brasil, 74 anos, aposentada.
Cenas de violência, de assaltos, latrocínios, sequestros, mortes, perdas de amigos e familiares são alguns dos atos que a cidadania vivencia a cada dia. Seja à noite ou ao dia, a insegurança é fato, e a população gaúcha é protagonista desse filme de horror. Diante disso, a Ordem gaúcha fez uma ação no Parque Farroupilha, Redenção, das 09h às 17h, deste domingo, para coletar assinaturas da população e ajudar na instalação da CPI da Segurança Pública proposta pela OAB/RS na Assembleia Legislativa do RS.
Os relatos acima foram de algumas pessoas, das mais de duas mil, que compareceram ao quiosque montado pela entidade na Redenção. Ao assinar o pedido da CPI, esses cidadãos relatavam o quanto estavam indignados com a atual situação do Estado.
“Estamos numa situação de insegurança pública constante, e é preciso de alguma atitude para melhorar isso. Não há efetividade do governo nisso. Eu vejo notícias todos os dias de assaltos e mortes, e a gente não vê nenhuma resposta correspondente da administração pública para dar garantia ao cidadão”. Cristiano, 29 anos, contador e advogado.
O presidente da OAB/RS, Ricardo Breier, que acompanhou a ação, do início ao fim, disse que a instituição e a cidadania estão em busca de respostas sobre os investimentos para a Segurança Pública. “Essa ação que fizemos hoje representa uma conclusão: a sociedade civil quer respostas e hoje, aqui nesse Parque, se inicia uma mobilização. Ouvimos muito relatos e pedidos de ajuda para dirimir esse colapso que vivemos. As pessoas estão acreditando na Ordem gaúcha e no movimento que estamos fazendo. E cabe à Casa do Povo, o Parlamento, aos deputados estaduais levarem adiante essa bandeira. É uma causa de todos – da cidadania e nossa!”, destacou.
O dirigente afirmou que, na próxima terça-feira (08), irá entregar o pedido de abertura da CPI ao Parlamento gaúcho. “Nós e as 150 entidades, associações, instituições e pessoas da sociedade civil que se comprometeram pela exigência da instalação da CPI da Segurança Pública estaremos na Assembleia Legislativa para entregar esse requerimento”, salientou Breier que, independentemente da reposta dos deputados, a OAB/RS vai desenvolver um projeto com a sociedade civil sobre segurança pública.
A ação também ocorreu nas 106 subseções da entidade, onde coletaram assinaturas da população.
CPI da Segurança Pública
Para realizar a sua assinatura e contribuir para a instalação da CPI, clique aqui.
O intuito da CPI é investigar o destino dos recursos de Segurança Pública e eventuais ações indevidas ou omissas pelo Estado. No documento, que será entregue aos deputados, a OAB/RS apresenta os dados dos registros de homicídios no Estado, apontando a alta de 34,8% no número de latrocínios (roubo seguido de morte) e o crescimento de organizações criminosas e tráfico de drogas, somente no primeiro semestre deste ano, além da falta de medidas-políticas eficazes realizadas pelo governo.
Entre as exigências, a Ordem pede a criação de um sistema único e permanente de Segurança Pública que não sofra alterações quando da troca de governo; a identificação e avaliação dos planos do governo, atualmente em andamento, relativos à violência e à segurança pública, os custos de sua implementação, a alocação de recursos orçamentários, os resultados obtidos e as conclusões acerca dos benefícios trazidos pela sua aplicação; a apuração da existência de políticas preventivas, analisando se o governo vem cumprindo o dever de gestionar minimamente sobre segurança pública; além do pedido de recursos destinados ao aprimoramento das Casas Prisionais no Estado, questionando se existem projetos vinculados a esse tema com os recursos disponíveis.
Vanessa Schneider
Jornalista MTE 17654
06/11/2016 16:49