Dirigente afirma que a crise é dos agentes responsáveis.

O presidente da OAB/RS, Claudio Lamachia, fez um alerta nesta sexta-feira (24/07) para o que chamou de “alto risco de fragilização” das instituições democráticas. Segundo ele, escândalos em profusão no Senado Federal e a falta de esclarecimentos de denúncias já antigas aqui no Estado estão levando o cenário político a um quadro de instabilidade institucional.

“A cena política está tomada pelos desmandos administrativos e pelos desacertos ou equívocos dos agentes responsáveis pelas instituições, revelando uma crise ética sem precedentes por parte dos administradores”, afirmou Lamachia.

Em nível nacional, o dirigente voltou a defender o imediato afastamento do presidente do Senado, José Sarney. Para Lamachia, só o fato de o senador maranhense permanecer no comando daquela Casa legislativa já compromete os trabalhos de investigação dos escândalos que vêm sendo noticiados, dentre eles os mais de 600 atos secretos.

“Sua simples presença [a de Sarney] na presidência do Senado coloca em risco a lisura das averiguações que estão sendo reclamadas por toda a sociedade, pois boa parte das denúncias tem ele ou seus parentes como protagonistas dos atos imorais que vêm sendo descobertos”, destacou Lamachia, que criticou ainda o fato de o presidente da República ter saído em defesa do senador.

Conforme o advogado, a avalanche de escândalos verificados no Senado causa estragos na democracia porque fragiliza a imagem de uma de suas principais instituições. “O que se verifica não é uma crise da instituição em si, mas, neste caso, da pessoa que a comanda e representa, e este tipo de risco deve ser eliminado o quanto antes, o que só ocorrerá se o presidente José Sarney se afastar do cargo”, defendeu Lamachia. Por outro lado, conclama o dirigente, a própria sociedade e suas entidades devem pressionar os senadores para que eles gestionem pela saída de Sarney.

“Os cidadãos que se sentem agredidos e indignados com os escândalos também devem tomar a dianteira nesta luta pela moralização do Senado e exigir o afastamento daqueles que envergonham a nação com sua conduta aética e imoral”, enfatizou o dirigente.

Falta de esclarecimentos definitivos

O presidente da OAB gaúcha lembrou que, aqui no Estado, pelo menos dois casos antigos e importantes ainda carecem de esclarecimentos definitivos por parte das autoridades responsáveis: as denúncias de uso irregular dos sistemas Guardião de monitoramento eletrônico e de Consultas Integradas, ambos da Secretaria da Segurança Pública, e a de eventual utilização de Caixa 2 na campanha da governadora Yeda Crusius. Para Lamachia, “trata-se de denúncias gravíssimas sobre as quais a sociedade tem o direito de ver todos os fatos esclarecidos”.

Na opinião do dirigente, no caso das acusações à cúpula do governo estadual, já não faz mais sentido a manutenção do alegado segredo de Justiça. “Os fatos e os nomes dos envolvidos já são de conhecimento de todos. Além disso, neste caso, o interesse público deve poder se sobrepor à força do sigilo, pois a sociedade clama por explicações que ainda não apareceram”, enfatizou.

Assessoria de Imprensa – OAB/RS
Carol Majewski – Jornalista / Assessor