Segundo dia do II OAB Digital Summit pauta gestão e inovação da advocacia, crimes cibernéticos e investigação de dados
06/11/2020 15:28
A manhã desta sexta-feira (06) foi repleta de debates que fizeram parte do segundo e último dia de painéis do II OAB Digital Summit. A nova era de crimes cibernéticos, a investigação de dados e suas tecnologias, bem como questões de inovação e gestão para a advocacia pautaram as palestras que ocorreram entre 9h e 13h.
Forensic 4.0” e as mudanças na investigação de dados
O desafio diante da abordagem do Forense Digital iniciou os diálogos no segundo dia do II OAB Digital Summit. A palestra “Forensic 4.0” apresentou uma síntese da evolução das técnicas investigativas e o suporte a litígios, tal como a nova abordagem da prática no contexto da Era Big Data. O convidado da ocasião foi Antonio Gesteira, diretor Executivo da ICTS Protiviti com 15 anos de experiência em investigação de fraudes corporativas e privacidade de dados. De acordo com o professor, diante do cenário de riscos e o crescimento exponencial de dados, as técnicas forensics devem evoluir, criando um ambiente de colaboração entre pessoas, processos e tecnologia. “Não estamos falando sobre eliminar o fator humano e a capacidade criativa de tomada de decisão e análise de nós, que operamos em prol das organizações. Falamos sobre utilizar a tecnologia onde ela mais agrega valor. A união dessas forças deve trazer uma dinâmica diferente e mais apropriada para a apuração de qualquer irregularidade.”
Ataques avançados e respostas a incidentes cibernéticos
O evento teve seguimento com a palestra “Ataques avançados e respostas a incidentes cibernéticos” com o professor de Computação Forense da Universidade Mackenzie, do Instituto Impacta de Tecnologia e do Instituto Business Group, Fernando Carbone, que tem 20 anos de prática com segurança da informação, computação forense e investigações de crimes digitais. Fernando tratou de incidentes de segurança, olhando os panoramas de ameaça de ataques cibernéticos e da questão de espionagem, apontando que, este ano, com a pandemia, aconteceram diversos ataques a empresas de grande porte, parando grandes operações. O palestrante ainda trouxe uma pesquisa que aponta que o Brasil é o 2º país do mundo que mais sofre ataques de Ransomware, que são ações de criptografia dos equipamentos das organizações e que solicitam resgate para a sua liberação. “Ao pensarmos nos impactos por trás desses grandes ataques, precisamos pensar não só no aspecto financeiro, mas do ponto de vista de operação, de paralisar uma operação. Olhando também do ponto de vista de segurança, o cenário global mostra que hoje temos um déficit muito grande de profissionais especializados para trabalhar dentro da área de Cyber Security”, reiterou.
As peculiaridades da produção probatória nos crimes cibernéticos
Logo depois, o juiz federal substituto da 35ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, Rodrigo Pessoa Pereira da Silva, falou sobre o tema do Direito Probatório de Terceira Geração. A Vara em que o juiz atua é especializada em crimes cibernéticos e crimes praticados contra crianças e adolescentes na internet. O painel foi coordenado pelo vice-presidente da CDTI, César Sulzbach. Ao longo de sua palestra, o magistrado abordou os aspectos gerais da produção probatória, bem como as peculiaridades das provas nos crimes cibernéticos. “Nós precisamos revisar alguns conceitos clássicos do processo penal para adequá-los à nova realidade. Um e-mail é a mesma coisa que uma carta aberta, ou ele é um arquivo na nuvem? Até que ponto teríamos proteção desses bens e elementos intangíveis? Isso nos faz ter uma especial atenção e um cuidado inclusive com o conteúdo de eventuais mandados de busca e apreensão e peças de diligências. Devemos sempre pensar na segurança dos direitos do investigado/acusado e também nessa nova metodologia, para garanti-la”, apontou.
As transformações digitais e as oportunidades para a advocacia
A programação do II OAB Digital Summit seguiu durante a manhã com a palestra “As transformações digitais e as oportunidades para a advocacia”. O convidado foi Rodrigo de Campos Vieira, advogado com 20 anos de atuação no setor empresarial. Desde de 2016 tem o seu trabalho voltado para a inovação e tecnologia das startups. Durante a sua fala, o palestrante apontou os principais caminhos que se abriram para advogados e advogadas no contexto da transformação digital. A postura de relacionamento com os clientes e as dinâmicas de gestão de negócio foram alguns dos exemplos explanados. “Todas essas novidades, que, com a pandemia, chegaram de modo acelerado, podem causar ansiedade e desconforto em todos nós. Mas o mundo sem desconforto é uma utopia. A utopia não tem problemas para resolver, mas também não tem oportunidades. Então, adentrem ao cenário das startups, das tecnologias, acompanhem os PLs que tramitam no Congresso, a experiência internacional; pois nós, como cientistas sociais, temos um papel fundamental na sociedade", finalizou.
Advocacia para Startups
Ainda na parte da manhã, a CEO da Legalhack, Lilian Coelho, falou sobre advocacia para startups. Na avaliação dela, é um nicho para advogados e advogadas que precisa utilizar três pilares: Empatia; Colaboração; e Experimentação. O presidente da CDTI, Fillpe Mallmann, coordenou o painel.
Empatia: “Não podemos trabalhar com a ideia de esperar meses por uma ação judicial ou uma liminar, caso necessário, porque startups, às vezes, nascem, crescem e morrem em um semestre. A advocacia, para este nicho, precisa se antecipar aos possíveis problemas e desenvolver protocolos que não atrasem o trabalho da empresa”, afirmou ela, fazendo um paralelo com o compliance do Direito Empresarial.
Colaboração: Para atuar com startups, é imprescindível se aliar a áreas de fora do Direito. “Em nossa empresa, precisamos buscar designers para implementar um trabalho de Visual Law quando tivermos que colocar o mesmo conteúdo de um contrato de 21 folhas em uma arte de três páginas para apresentar ao cliente”, contou.
Experimentação: A palestra de Lilian mostrou que não há receita pronta para a advocacia nas startups. “Precisamos nos adaptar a nossos clientes e buscar elementos que os façam sentir que nosso trabalho legal pode atender às demandas de uma empresa com um ritmo diferenciado, como são as startups”, explicou ela, ressaltando que a assimilação dos debates sobre tecnologia pela advocacia não será automática. “São discussões que serão exigidas de nós, e só há uma maneira de dar conta de tudo o que abordei até aqui: experimentando para verificar o que funciona”, concluiu.
Gestão da Inovação
No penúltimo painel da manhã de sexta-feira (06), Christiano Xavier, CEO da Future Law, deu uma palestra sobre a gestão de inovação e como isso pode ser aplicado nos escritórios de advocacia. O painel foi aberto pelo integrante da CDTI, Pedro Martins. Em sua fala, Christiano abordou tendências como Legal Operations, Legal Desgin, Branding, Social Media, Customer Experience e Legal Analytics. Além disso, o palestrante apontou 3 fatores essenciais para fazer a inovação acontecer nos escritórios, departamentos jurídicos e lawtechs: criatividade, demanda e viabilidade. “A geração de ideias criativas é muito importante, pensar em soluções através da inovação. Fazer novos negócios, novos serviços ou aprimorar o que já é existente. Além disso, precisamos de demanda, de gente interessada. Pode parecer bobo dizer isso, mas é preciso pensar se uma nova ferramenta adquirida ou serviço oferecido tem demanda suficiente de clientes. Assim como não podemos deixar de lado a viabilidade, seja ela financeira, seja cultural ou legal”, disse.
Data Visual Law – O que é e como utilizar
O último painel da manhã foi com o Legal Venture Transformer Marcílio Drumond, que mostrou como é possível facilitar a compreensão das informações jurídicas. O Data Visual Law é o uso de ferramentas de design para a produção de artes que mostrem elementos de um contrato ou da organização do fluxo de trabalho do setor jurídico de uma empresa, por exemplo. “Com uma nova cultura sobre como tratar a informação, a gente torna a experiência do estudo em torno de elementos jurídicos mais atraente e, dessa forma, evita que um conteúdo maçante acabe saturando os ouvintes e perdendo a atenção deles”, explicou ele, que também é membro da Comissão de Direito para Startups da OAB/MG e da Comissão de Inovação da OAB Santos/SP. Para Marcílio, ícones, cores, quadros e outros elementos gráficos possibilitam uma absorção muito maior do que é estudado. Segundo pesquisas, gravamos 10% do que ouvimos, 20% do que lemos e 80% do que vemos em imagens. “20% do que eu ler em uma petição formal e linear, eu vou gravar. Se eu ver o mesmo conteúdo mas de uma forma com imagens, eu posso gravar 80% do conteúdo”, finalizou.
A programação do II OAB Digital Summit continua com painéis à noite, a partir das 19h. Aproveite para se inscrever e não perder nenhuma das palestras, pois elas ficarão disponíveis por 30 dias para assistir no site!
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